Recentemente, comecei a refletir com mais atenção sobre o motivo de tantos cristãos agirem de forma tão carnal mesmo dentro das congregações. Digo isso com temor e carinho, pois vejo em muitos — inclusive em mim — a inclinação natural para a inveja, a fofoca, o ciúme, o orgulho e outras obras da carne. Em certos momentos, tornamo-nos o puro reflexo da natureza humana sem o governo do Espírito — uma síntese do que nossos instintos mais baixos são capazes de produzir, ainda que estejamos dentro de um ambiente supostamente “espiritual”.
Olhando para o aspecto social, algo me preocupa ainda mais: muitos procuram a congregação não por arrependimento, fome da Palavra ou desejo de santificação, mas porque se sentem bem ali, emocionalmente acolhidos, socialmente amparados, respeitados, ouvidos. Em vez de buscarem a Deus, buscam os irmãos. Em vez de se submeterem à verdade do Evangelho, procuram companhia, conforto, pertencimento.
E aqui nasce uma tensão profunda: o ambiente torna-se, então, mais um espaço de consumo afetivo do que um altar de sacrifício. As pessoas chegam com seus problemas — emocionais, familiares, existenciais — e projetam nas lideranças e nos ministérios a expectativa de cura. Porém, sem transformação espiritual real, essa busca termina em frustração. Líderes esgotados, pastores sobrecarregados, irmãos feridos por mal-entendidos e fofocas… tudo isso é fruto da inversão de finalidade da igreja.
Será que a congregação está se tornando um centro de apoio social com linguagem cristã? Será que o culto é, para muitos, apenas um evento para aliviar a consciência ou encontrar amigos? Será que estamos substituindo o discipulado pela carência? A verdade é que o socialismo emocional infiltrado nas igrejas, como diria Luiz Felipe Pondé (Ateu), nos transforma em órfãos sentimentais mimados, exigindo acolhimento constante, sem responsabilidade espiritual.
Com base nisso, convido você a analisar comigo, à luz da Palavra, a profunda batalha entre a carne e o Espírito, e o que Deus espera de cada um de nós — como indivíduos e como igreja.